Começou a aparecer nos nossos sonhos, e disse-nos se chamar Rehael. Aparecia em forma de andarilho, de artista, de velho sábio, e quase sempre acordávamos tristes da viagem, sem poder saber se um dia o veríamos real. Enquanto era andarilho, levava-nos para os mais recônditos povoados dos sonhos, e nos dizia maravilhas de se ter a solidão de uma estrada sem fim como companhia. Como artista, era único. O melhor palhaço, o melhor Lisandro. E dos mais insólitos tablados que podiam se sustentar tanto em copas de árvores quanto em águas correntes, arrancava-nos aplausos que beiravam as lágrimas. Em todos os sonhos, de todas as madrugadas, em qualquer forma, tinha o dom da potência. No sonho em que nos apareceu como menino, abraçamo-nos ao seu corpo, e com o mais desamparado dos olhares lhe perguntamos por que nos deixava à sorte dos que têm saudades. Desvencilhou-se enigmático, e no sonho seguinte apareceu-nos na forma que nos disse ser a original, do anjo Rehael, da segunda hierarquia dos anjos. Depois de recitar um salmo inédito, prometeu-nos que nunca mais precisaríamos ter saudades. E nos aprisionou no sonho para sempre.
6 comentários:
Como eu gostaria de saber aprisionar sonhos em palavras, mas eles me escapam...
Volte, Rehael, precisamos dos seus salmos. Mesmo que para isso fiquemos aprisionados nos sonhos.
Rehael é um anjo do sonar.
é sempre maravilhoso encontrar aqui imagens tão belas quanto fantásticas. verdadeiras pinturas luli. bjos.
Mãe, este texto é lindo. Acho que já o admirei tanto, que quis copiá-lo, e foi por isso que escrevi Eduardo.
Bonito demais. Parece um sonho acordado.
Beijinho, docinha.
Faz agora a série Sonhos, ou Dreams, pra gente viajar mais.
Lulih, não sei porque mas eu não consegui acessar a postagem mais recente, porém eu a li no google readers. eu acho que também preciso visitar mais vezes a minha caixinha, tem muita coisa boa minha também por lá...
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