domingo, 16 de dezembro de 2007

A quem interessar possa

Pensei em escrever um longo e tenebroso texto de despedida deste ano de 2007, um inventário de minhas perdas, de meus danos, e também de minhas perplexidades, como diria Manuel Bandeira – meu companheiro das tardes na rede. Mas em tempo percebi que não valia a pena, e apaguei mesmo a listinha bem sumária das coisas que me aconteceram neste ano ímpar – segundo o horóscopo chinês, péssimo para o meu signo: cavalo.
Embora tenham acontecido também coisas que me proporcionaram extrema felicidade, de qualquer modo já vais tarde, 2007! Estou em férias, volto em janeiro. Vou viajar, levar livros na bagagem, poesia no coração, e sobretudo a decisão de nunca mais correr atrás de uma borboleta - mas cultivar meu jardim para que muitas borboletas venham. “A vocês eu deixo o sono. O sonho, não! Este eu mesmo carrego!”
E para agradecer pelas visitas e alegrar os coraçõezinhos dos meus quatro ou cinco leitores, deixo um pouco do alento de Caio Fernando Abreu...

Alento

Quando nada mais houver,

eu me erguerei cantando,

saudando a vida com meu corpo de cavalo jovem.

E numa louca corrida

entregarei meu ser ao ser do Tempo

e a minha voz à doce voz do vento.

Despojado do que já não há

solto no vazio do que ainda não veio,

minha boca cantará

cantos de alívio pelo que se foi,

cantos de espera pelo que há de vir.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Encontro com Thiago


Thiago de Mello, poeta de Os Estatutos do Homem, me dizendo uma das melhores coisas que já ouvi na vida: "Você é uma pessoa que tem luz." Nunca mais vou me esquecer disso, e provavelmente, daqui em diante vou usar esta luz pra encontrar coisas melhores pela vida. E já encontrei este poema numa agenda esquecida. De Thiago de Mello:



Contigo aprendi

que o amor reparte

mas sobretudo acrescenta,

com o teu jeito de andar pela cidade

como se caminhasses de mãos dadas com o ar,

com o teu gosto de erva molhada

com a luz dos teus dentes

tuas delicadezas secretas

as alegrias do teu amor maravilhado...

inesperada como um arco-íris

partindo ao meio

unindo os extremos da vida

mostrando a verdade como uma fruta aberta.