domingo, 16 de março de 2008

Doçura

Série Ensaios Sobre a Ternura

Ai, que docinho quando ela sambava na frente da pia cantarolando “eu perdi o meu amor para uma novela das oito...” Me dava uma vontade horrível de arrancar aquele aventalzinho respingado de uma semana de sórdidas frituras e esmagá-la contra a parede da cozinha, até ela gozar. No dia em que eu resolvi agir ela trocou de música: “Um homem bonito assim, o que quer de mim, e o que ele fará comigo?”, suspirava a bandida, pensando em outro, e com o mesmo avental. Pra mim ela deixou de ser doce.

Ilustração: obra de Joan Miró

4 comentários:

Fábio Luis Neves disse...

Hahaha, essa trilha sonora serve muito para uma pessoa que eu conheço e que também possuo vontade de dar uma mordida quando ela canta essas cançõs! Só o final que espero diferente, hahahaha.

Luli, gosto muito destes textos curtos seus! Os meus favoritos são os daquela série "Breves contos" que você postou aqui no blog no ano passado. Acho que se você os editasse num único volume impresso ficariam sensacionais!
Beijos Luli! Te admiro muito!

Anônimo disse...

Realmente, esses textos curtos estão ótimos. Esse está bastante original, tem uma coisa canalha mas ao mesmo tempo ingênua também. Engraçado. Curti muito. Beijos. Tu és linda, mãezinha

Anônimo disse...

é... tudo depende da canção que se canta. Ave, Luli!

Anônimo disse...

Palavras em tuas mãos são armas letais:
Com elas podes fazer chover ou criar um lindo dia de sol.
Podes fazer também um rio correr serelepemente sobre o papel.
Tuas palavras têm o poder de içar a altura em sou apenas um ponto no azul
Ou me atirar no mais tenebroso inferno.
Tuas palavras são uma gangorra surpreende.
Palavras em tuas mãos são armais letais.

manoel do vale