terça-feira, 29 de junho de 2010

Último conto da estação

.
Porque era primavera, a tarde colheu na palma a última andorinha, amansou-lhe a carne, acalantou-a, sorveu-lhe o sangue e enterrou no horizonte sua semente. Foi de lá, do fim do horizonte, onde vive o arco-íris, que o bando de andorinhas recém-nascidas partiu ao encontro do mais fabuloso verão.
.

9 comentários:

Alexandre Alves Neto disse...

São lindos os seus breves. Mais ainda neste cenário de andorinhas.

Sunshine disse...

Que fantástico poder plantar andorinhas!!

Itália Antunes disse...

Pois é, até o orkut tem que ter sua razão de existir. Descobre-se tanta coisa em comum com pessoas que nunca se viu. Obrigada pelo link.
Aceite sempre um gomo de prosa.
Um beijo.

Kiara Guedes disse...

E eu aqui fiquei me perguntando o que seriam das estações sem essas invenções: os domadores de palavras!
Beijos, meus.

Maria disse...

Muito interessante mesmo poder plantar andorinhas... que imaginação!
Lindo textinho.
Beijos,
Maria

José María Souza Costa disse...

Parece fenix. Adorei o seu blog. Vim lhe convidar a visitar o meu e se possivel seguirmos juntos.Estaremos gratos aqui lhe esperando
http://josemariacostaescreveu.blogspot.com

jac rizzo disse...

Lulih, acabei de descobrir, neste exato momento, o seu novo blog!
Porque o outro, eu não conseguia acessar. Percebi, desapontada, que ele não existia.

Mas aqui estou, depois de algumas estações, reencontrando o fio da meada das suas emoções.

Ave, Palavra! Sempre!!!

Escreva quando e quanto quiser!
O lugar da chuva será também o meu lugar!

Meu imenso carinho!

luiz gustavo disse...

arquiteto



(ag)ora
o cenário do céu
sem céu e que – as estrelas sabem –
o crepúsculo urra no tédio

eu – arquiteto de cárceres
da memória do cinzazul
desnudo

do que fui além distante

uma e outra
palavra
se es-
vazia
no grito dos olhos
já fúnebres
a urdir a poesia

minha voz
já amarga (n)os tentáculos
do tempo e as pedras
que me consomem

este poeta
de ecos desva
irados
(ex)pira e (ex)trai
(d)as rochas duras
(d)o seu caminho
a polir as unhas

ah ! há rugas no papel
entretecido
onde a poesia
a sorver
labirintos de granito
explora todo sibilar
do seu enigma

a pedra se faz poema
e verte poesia
do próprio ventre
bruta não
quase-paraíso

mas fragmentos
sobre a língua
vestida de fantasmas
e viagens
como um gueto âmbar
sem saída

eu – arquiteto de cárceres
da memória do cinzazul
desnudo

do que fui além distante

Moisés de Carvalho disse...

Fabulosa também é a sua escrita ...!

Um abraço !