sexta-feira, 5 de março de 2010

Dois Ponto Três Lisboa

tô sem ideia. sem vontade descrever. de nada. não tenho a mínima ideia do que virá a seguir. inércia é meu sobrenome. ando tão feio. tão sem assunto. me assusto. ninguém mais há em minha volta. tô cansado da minha companhia. só falo besteira. não digo nada com nada. preciso exercitar a pena. se ela se move que seja na minha mão. trêmula e bolorenta. mesmo que seja para ser mais um papel sujo. se isso fosse uma folha em branco, você podia desenhar, descansar a vista. ou escrever um bilhete suicida. mas eu passei primeiro e ... se você não se importar, rabisque por cima. por mim tanto faz. acho até que vou tomar um bagaço e ver no que dá. vou à torre de belém olhar o tejo. matar o tempo pra não me matar, esse é o meu nome. fiquei nos quartos dessa casa em benfica o dia todo, ouvindo rock, lendo história em quadrinho. boa noite. talvez alguém leia e curta isso aqui. tanto faz. embora tudo que mais quero nessa porca vida é te botar feliz. bagaço basta o meu e o da uva.

Chacal
Lisboa (1973)

6 comentários:

Impressoes de Fevereiro disse...

Emocionante, visceral, soco-no-estômago... Obrigado pela memória. Abraço. Caio

Anônimo disse...

LUIZ JORGE.
LULIH
VARIOS OBAS. TEXTO DO CHACAL É UM ODE AQUELES MOMENTOS QUE TODOS PASSAMOS, QUE LEMBRA ESTAR CAIDO DENTRO DE UM FOSSO.PAREDES ALTAS.INGREMES.PES SUGADOS AO CHÃO,SEM IMPULSO. MAS E AS ASAS ESTAS DEPENDURADAS PRESTES A ALÇAR VOOS. PEGUE-AS MANSAMENTE COMO SE AS ACARICIAR FOSSE E ABRA-AS AINDA INERTES. UM VENTO VAI OUVIR SUAS PRECES E A FLUTUARÁ.ENTRE A CANETA E O PAPEL.

Alex A. Neto disse...

Acho até que vou também tomar um bagaço e ver no que dá.
Bom dia!

julio miragaia disse...

ando que nem esse texto. até mesmo pra comentar aqui ;)

Lulih Rojanski disse...

Z,
Obrigada.

Luiz Jorge,
Pegarei.

Alex,
Vamos.

Júlio,
Nós.

Maria disse...

DEMAIS, DEMAIS!