terça-feira, 1 de setembro de 2009

Minha vida com Johnny

Cansei da vida ao lado de Johnny Depp. Estou decidida a abandoná-lo. Sentirei falta de passar seus ternos risca de giz, de escovar seus chapéus, de lhe dar banho quando acorda triste porque Tim Burton não telefona há dias. Terei saudade de quando me arrebata em pleno canteiro de samambaias, implorando que o chame de Don Juan de Marco, mas não posso mais suportar suas crises de identidade, as ocasiões em que exige carnes sangrentas na mesa do almoço, rum na hora do chá, em que sai à rua com os cabelos desgrenhados e uns terríveis olhos contornados de preto, dizendo agora tragam-me o horizonte. Nestes dias, se não o chamo de Jack Sparrow ele não atende. É um excêntrico galante, riem com simpatia os bajuladores. É um exibicionista ordinário, penso, convicta. Mas lhe sou grata por nunca ter acordado com crise de mãos de tesoura.
Não fiz segredo de que como Chapeleiro Maluco ele está a cara do Elijah Wood, e desde este episódio resolveu me dar o troco, como se eu fosse a culpada: comprou um corcel 74, azul piscina, equipado com potentíssimo equipamento de som, que anda exibindo de porta-malas aberto na frente dos bares onde estão meus amigos. Compreendo sua estratégia, mas respeito mais a minha. Digo-lhe você só me faz vergonha, Johnny Depp, e ele vai dormir como um menino, se sentindo vingado.
Hoje atravessou o dia desejando matar o Gato de Cheschire, de quem morre de ciúmes. Diz que não pode mais tolerar o riso do felino, e mal percebe que não posso mais tolerar seus desmandos. Jamais lhe darei a chance de me dizer primeiro nós dois nunca teríamos dado certo, mas receio que o abandono lhe atrapalhe a estreia de Alice... Antes isso, porém, do que amanhecer qualquer dia como uma noiva cadáver.


14 comentários:

jac rizzo disse...

Querida amiga, vou deixar o Johnny
Depp de lado. Só vim lhe dizer que
você me deu um grande susto.
Pensei que não a encontraria mais.
Pelo menos não o seu blog...
Gosto de lê-la todos os dias ou
apenas constatar que você está aqui.

Suas palavras e histórias são encantadas para mim!

Que setembro venha cheio de cores!
Abraço carinhoso!

Lulih Rojanski disse...

Jac,
Eu não disse que lhe traria flores púrpuras? Há girassóis também. Vê?
Adoro sua companhia.
Um beijo.

Madame Poison disse...

Poxa, tenho que confessar...sou a-pai-xo-na-da por esse dito cujo. Não sei exatamente o que me atrai, mas acho que é aquele olhar canalha-sedutor que a maioria das mulheres, infelizmente, não resistem.

Bom, deixa ele lá...

E sim, as portas da minha casa em breve se abrirão. Não sei exatamente quando, mas espero que seja o mais breve possível. Tirei umas férias daqui e aproveitei para fazer umas reforminhas.

Mas eu queria te pedir um favor, mesmo que ainda não tenha te convidado pra tomar um chá em minha humilde casa: vi que você é amapaense, e eu estava precisando de algumas referencias sobre o folclore de vocês. Tudo que achei foi extremamente superficial, se tiveres uma dica, indique-me, por favor!


Falei demais né?
Se for mais comodo, me mande um e-mail: avelar.aline@gmail.com


Bjs da Madame!!!

Itália Antunes disse...

Ai, que graça de delírio!!
Johnny Depp é inspirador!
Beijos meus.

Lulih Rojanski disse...

Madame,
Estou vendo por onde anda nosso folclore. Assim que encontrar, te mando pistas.
Bjs.

Sunshine,
É.
Bj.

Z. disse...

His mother told him someday you will be a man
And you will be the leader of a big old band
Many people comin' from miles around
To hear you play your music when the sun goes down
Maybe some day your name will be in lights
Sayin' "Johnny B Goode tonight"

Go! Go! Go! Johnny!
Go! Go! Go! Johnny!
Go! Go! Go! Johnny!
Go! Go! Go! Johnny!
Go! Go! Johnny B. Goode!

by Chuck Berry,

Goodbye, Johnny. See you, L.

Alexandre Alves Neto disse...

Johnny Depp tem seus méritos, mas o que eu gostei mesmo foi dessa cor púrpura. Show...!

Alexandre Alves Neto disse...

Desculpe, seu conto tem seus méritos. Também show.
Um beijão.

Lulih Rojanski disse...

Z,
Estou dançando. Obrigada pela alegria.
Um abraço.

Alexandre,
Obrigada pelas visitas.

renato disse...

Olá, Lulih!

Então é um good-bye Johnny!

E que será o felizardo que o vai substituir?

Um beijinho,

Renato

renato disse...

Errata - E quem será o felizardo?

Lulih Rojanski disse...

Renato,
Do felizardo exige-se doçura.

Quem bom revê-lo por aqui...

Na postagem anterior, não sei se viste, escrevi sobre os pães de Bete, mas minha chave não cabe mais na fechadura de Tsarphatah, para que eu possa dizer a Bete que tenho saudade de seus pães. Se entrares em Tsarphatah, por favor, transmita isto a ela.
Obrigada, muito.
Um beijinho também.

Fábio Luis Neves disse...

Puxa, esse é tão diferente que eu não sei nem o que dizer, é a ficção entrando dentro da ficção, voltada para uma outra ficção até vir a ser realidade que volta a ser ficção. Gostei muito pela intuição de leitor, assim mesmo, sem saber explicar...

Maria disse...

Mãezinha, eu li o texto em voz alta para o Ramiro e ele identificou todos os filmes que vc citou nas entrelinhas e achou/achamos sensacional!!!