quinta-feira, 13 de maio de 2010

Assassinos sem lágrimas

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Em As Lágrimas do Assassino, há três noites em minha cabeceira, a escritora Anne-Laure Bondoux conta que enquanto o menino Paolo espera, com a língua pra fora, que os pingos da chuva venham lhe encher a boca e furar a vastidão de poeira de uma terra desolada no fim do mundo chileno, no interior da casa, Angel Allegria, um assassino frio e desprovido de qualquer humanidade mata os pais do menino a facadas e deixa seus corpos estendidos no chão de terra batida. Quando Paolo entra, encharcado de chuva, o assassino ainda segura firmemente a faca, mas um sobressalto de consciência o impede de pôr fim à vida do menino também. Criança eu nunca matei, diz Angel Allegria. Nem eu, responde o menino Paolo. Nem na literatura os assassinos matam crianças. É penoso demais pensar que na vida real há assassinos que o fazem. E tão perto da gente.

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