Desculpe. É que deixei algo primordial perdido no destempo. Talvez o fio de minha meada. Talvez a voz, no ruído branco da multidão. O segredo de desvirtuar o tempo, no tempo que anda a minha espera. Venho inventando contradanças, estudando a origem incestuosa de Tutankamon, lendo poemas de Maiakovski que Maiakovski não escreveu. Não tenho visto mais que a dança dos cristais à flor da água, num horizonte rasgado em tiras, os rodeios da noite, borboletas noturnas que se escondem do dia. Não tenho ouvido mais que o sussurro de meu próprio cabelo em oscilações mínimas na pressão do ar, a medida da razão entre duas quantidades do caminho que traçam minhas unhas sobre a minha pele. Mas vejo a primavera chegando antes de seu tempo, a primavera parindo Zaratustra, ouço o riso de Zaratustra à margem do ventre... Trago nas mãos meu próprio coração. Ele ainda pulsa.
6 comentários:
Lulih,parabéns por Abilash. É lindo.
Lindo, Lulih!
Ando me sentindo um tanto assim...
Como se também, de repente, me sentisse de voz quebrada.
Também procurando o fio da meada...
Sempre gostando desse lugar!
Ave sentimentos!
Obrigada, Alex e Jac, por continuarem a vir por este pedaço abandonado de minha criação. É isso que me renova os poderes.
Abraços cheíssimos de ternura e calor.
LULIH QUE BOM QUE QUANDO VOCÊ SE AUSENTA
VOCE SE REINVENTA!
LUIZ JORGE.
Oh, Luli
Acabei de saber do lançamento de seu novo livro.´
Me Manda informações pra cololocar no Canto da Amazônia.
Vou estar lá com certeza.
"A hora da verdade a idade da razão", me lembra essa frase.
Tem vários diálogos com clássicos, mas eu adoro o diálogo de um escritor com sua própria obra e aqui o diálogo com a contradança, se faz muito interessante, vai virando estilo, lirismo e tese.
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