Tenho uma necessidade estranha de dizer milhares de palavras todos os dias. Muitas mais que as sete mil da média das mulheres. Não posso suportar meu próprio silêncio. Por isso fui trabalhar no rádio. Tenho de manhã um programa de leitura de cartas de amor, de ódio e de problemas sexuais, um de música de tarde e outro de esculhambação de noite, que é o que eu mais gosto, porque dá pra falar o que quiser. Não tem censura nem hora pra acabar. Eu aproveito pra dizer que o Che Guevara era só um terrorista, que queimar um incenso é a mesma coisa que fumar três cigarros, que o ponto g é mais pra fora do que se pensa, que a chuva de meteoros do céu da Bulgária é ficção, que o livro A Boa Terra ensina como se fumar ópio, que o Elvis está pra morrer pela terceira vez... E também faço umas perguntas para os ouvintes, tipo: eram os deuses astronautas? Eles respondem as coisas mais loucas, que eu leio no ar. Hoje vou encerrar o programa da noite com a pergunta para um ouvinte que adora Tracy Chapman, que me ouve a noite inteira e só falta andar de dia com o radinho de pilha no ombro: Baby, can I hold you tonight?
5 comentários:
Na amargura é que você me diz essas coisas, ela disse... Quer um cigarro?... Quero, mas você não me respondeu... Você não perguntou, cigarro balançando na boca de cima a baixo... Não se faça de desentendido, você sabe o que eu quis dizer... Hum... Você sempre com esses monossílabos... Hum, hum... Quer saber? Vem cá, me dá um beijo igual aquele filme da Scarlett O'hara... Hum, "O vento dos Morros Uivantes"?... Esquece, me dá outro cigarro... Abraços poéticos e contradança suspensa até eu fazer o curso de dança via internet...
adorei.
adorei.
Ninguém vai fazer a piadinha?
Então eu faço: pode. Pode, sim.
Lindo... As centenas de palavras que chegam aos meus ouvidos saem da minha boca em milhões de elogios pelo que escreves. Um lindo beijos poético Luli...
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